Redação: O Consumismo como Propósito de vida.
Vivemos em uma era marcada pela cultura da imagem e pela lógica do consumo. A todo momento, indivíduos são bombardeados por mensagens publicitárias e por conteúdos midiáticos que associam a realização pessoal à aquisição de bens materiais. Nesse cenário, o consumo ultrapassa sua função econômica e passa a ser interpretado como um indicativo de sucesso e pertencimento social. Tal lógica afeta a construção de identidades e compromete a capacidade crítica dos cidadãos, especialmente em contextos de fragilidade educacional.
A sociedade contemporânea testemunha uma distorção da realidade em que o "ter" sobrepõe-se ao "ser". Essa inversão de valores está diretamente relacionada à influência de campanhas de marketing, redes sociais e até de produções culturais que, em determinados contextos, reproduzem e reforçam ideais consumistas. No entanto, é necessário evitar generalizações: manifestações culturais como o funk e o trap possuem dimensões sociais, históricas e identitárias complexas, que não podem ser reduzidas a meras expressões de consumo. O problema, portanto, não está nas manifestações em si, mas na forma como a sociedade interpreta e consome seus símbolos.
A dificuldade de questionar essas estruturas está atrelada, muitas vezes, à falta de uma formação educacional voltada para o pensamento crítico. Em muitas regiões do Brasil, a baixa qualidade da educação básica dificulta o acesso a ferramentas reflexivas, como a Filosofia e a História, que são essenciais para a compreensão da realidade social. Nesse sentido, filósofos como Aristóteles, em "Ética a Nicômaco", ao afirmar que a verdadeira felicidade está ligada à prática da virtude e ao desenvolvimento racional, contribuem para a construção de um olhar mais ético sobre o papel do indivíduo na sociedade. Já Santo Agostinho, ao defender que a realização humana está na interioridade e no aprimoramento espiritual, contrapõe-se à lógica do consumo imediato e superficial.
Diante disso, é fundamental que o Estado, em parceria com escolas públicas e centros culturais, promova políticas de educação crítica para o consumo. Isso pode ser feito por meio de campanhas de conscientização nas redes sociais, além da inclusão de oficinas extracurriculares de Filosofia, Sociologia e História voltadas para diferentes faixas etárias, com enfoque na análise das mídias e na construção de valores éticos. Tais medidas podem contribuir para que os indivíduos compreendam melhor a relação entre consumo, identidade e felicidade, e passem a buscar formas mais autênticas e conscientes de viver. Afinal, a emancipação do sujeito começa pelo conhecimento de si e do mundo que o cerca.
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